quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Emil Glitz, o nosso patrono



Emil Glitz
  "Foi através do concurso de redações 'Uma família faz nossa história', promovido pelo Jornal da Manhã e pelo incentivo recebido de minha Escola, que me vi motivado a escrever sobre o nosso patrono Sr. Emil Glitz. 
  Nascido em 20 de março de 1871, Emil Glitz veio ao Brasil em fins do Império, junto com a primeira leva de imigrantes de diversas nações para Ijuí. Era o único russo que não veio da Volina. 
  Saiu clandestinamente da Rússia, para não entrar no serviço militar czarista, que naquele tempo durava de sete a oito anos, antes de ser convocado e antes de completar 18 anos. 
  Queria morar num outro país, sair da pobreza e progredir na vida. O sonho de Emil era a América do Norte. Seu irmão August vendeu seu relógio de prata de algibeira, única jóia que possuía, para que Emil Glitz pudesse sair da Rússia. Emil era um homem alto e forte. Física e mentalmente privilegiado, também teve uma ótima escola e tinha grande tino comercial, era honesto e sabia levar as coisas adiante, sua palavra dada valia ouro. Era muito religioso e tinha grande facilidade para línguas, falava várias. 
  Adaptava-se muito bem a qualquer ambiente. Era muito atencioso, amável, prestativo ao próximo, amigo de todos. Agrupou-se aos imigrantes durante sua viagem até Hamburgo, rumo ao Brasil. Não quis mais ir para a América do Norte, a pedidos dos imigrantes, cujas línguas Emil falava todas. 
  Foram recebidas em Hamburgo pelo colonizador de uma gleba de Terras Novas, Sr. Manuel Couto, e já serviu de intérprete do Sr. Couto e dos imigrantes. 
  Emil não constava na lista dos imigrantes, ele ficou sob custódia Sr. Couto e também não tinha dinheiro para pagar sua passagem, o mesmo teve que prestar serviços a bordo, de todos os tipos, os quais aceitou. Durante a viagem no mar havia muito que fazer. A maioria dos imigrantes sofria as conseqüências do jogo duro do mar e Emil cuidava deles, encorajava-os. 
  O Sr. Couto teve grande admiração pelo jovem corajoso. Ensinou a ele o português, o qual aprendeu muito bem, e ao chegar em Ijuí, já falava fluentemente. O seu primeiro cargo foi de funcionário da Comissão de terras, dado pelo Sr. Couto e ficou neste cargo até 1906. 
  Emil se tornou muito amigo do Sr. Couto, que o aconselhou que quando chegasse no seu destino, reservasse umas terras em seu nome, e foi exatamente o que ele fez. 
  Ao chegar em Rio Grande, foram baldeados com toda sua bagagem para o trem que os levou até a estação Colônia, Santa Maria. Da li partiram de carretas puxadas por bois, até a Vila Silveira Martins. 
  Esperaram muito tempo até vencer a mísera estrada até Alto da União. Ali ficaram. 
  Os homens meteram-se a abrir picadas pela mata e Emil foi o primeiro a enfrentar o mato, também foi o primeiro a avistar o Barracão, primeiro nome dado a Vila Ijuí, onde foi cumprimentado bravamente com altos gritos de alegria e todos cantavam o Hino Nacional de sua Pátria distante. 
  Todos voltaram para pegar suas famílias e suas bagagens e Emil ficou ajudando e ajeitando os imigrantes que chegavam. Começou a trabalhar nas suas terras, cortando árvores e construiu um rancho, onde ficou morando e vendendo produtos, assim foi que iniciou a firma Glitz. 
  Emil era muito inteligente e em 1898, a pedido do Dr. Augusto Pestana, se transferiu para o outro lado do rio Ijuí, hoje a popular Fonte Ijuí. 
  Casou-se em 1892 com Bertha Ebert, vinda de Lodz, Polônia e tiveram treze filhos: Elsa, Bertha, Erna, Selma, Willy, Hugo, Emílio, Elvira, Willy e Elly. 
  Emil construiu uma barca com a ajuda dos outros, para facilitar o trânsito, pois o Senhor Pestana queria um pioneiro para incentivar a colonização para lá. 
  Emil teve que voltar a morar em Ijuí e fez a primeira casa de material. Havia progredido na vida, mas como a vida era rude, fez com que ainda jovem se entregasse ao vício da bebida. 
  Lembrou-se do seu irmão Augusto e comprou um presente para o mesmo uma colônia de terras. 
  August e Ana chegaram em 1912 em Ijuí, junto e com eles sua irmã, Flora e logo chegaram muitos parentes. Emil começou a se tornar um grande comerciante com a ajuda de seu filho de mais ou menos 12/13 anos. 
  Os imigrantes tiveram dificuldades com educadores, mas apareceram alguns homens cultos e estes receberam de Emil abrigo e comida em troca do ensino a seus filhos. Emil sempre ajudava essas pessoas. Emil e toda a redondeza foram fazer um pedido ao Dr. Pestana, para construção de uma sala de aula. O Dr. Pestana negou o pedido e disse para continuar com os homens cultos que aparecessem. 
  Em 1906, o Dr. Pestana comunicou ao amigo e compadre Emil, que Ijuí tinha se tornado uma florescente aldeia. 
  Um dia apareceu na casa dele um senhor de boa aparência, que queria emprego, era um engenheiro, seu nome era Valter Von Bohrik. Emil levou-o e apresentou-o ao Dr. Pestana. O Dr. Pestana deu a ele o cargo de engenheiro de Intendência e foi este, então, o primeiro engenheiro das estradas das intendências de Emil resolveu fazer um armazém de tábuas e estendeu seu comércio para Porto Alegre. Foi maravilhosamente bem de negócios, ampliou a casa da família, mediu as terras e cercou-as. Tudo com mãos próprias. Cuidava da educação dos filhos, tinha cultos na sua casa aos domingos. Seus negócios iam muito bem, o progresso era fabuloso. 
  O Dr. Pestana propôs a ele, trazer a estrada de ferro a Ijuí e Emil iria doar o terreno para a linha e recinto da estação. A proposta foi aceita e as terras foram doadas. Emil dando mais uma vez mostras de sua visão, construiu a parte nova do Hotel Glitz. Foi no dia 12 de janeiro de 1912 que passava pela primeira vez em Ijuí um trem. Ao ver todo aquele povo contente, Emil Glitz se emocionou, pois seu sonho tinha sido realizado. Ninguém cumprimentou este simples homem que proporcionou ao povo de Ijuí tamanha felicidade. Esse foi o dia mais feliz da vida dele, mas claro, com pouco de decepção, pois gostaria de ter recebido como recompensa um pouco de afeto e gratidão, por ter levado, uma vida de muito trabalho, dedicação e privações. Sabia dentro de si, que tinha feito uma grande obra em benefício do povo ijuiense, que não tinha reconhecido. Ficou muito desesperado com tamanha ingratidão e este colosso de homem voltou para casa chorando, banhado em lágrimas e foi buscar consolo no álcool. Emil Glitz morreu por sua própria vontade, em 15 de janeiro de 1913, ainda muito jovem, com 41 anos, 9 meses e 26 dias. 
  Deus abençoou o trabalho de Emil e nós ijuiense, finalmente no ano de 1981, em reconhecimento por todo o seu trabalho, luta e dedicação, passamos a homenageá-lo tendo-o como patrono de nossa Escola."
FONTE DE CONSULTA
- Museu Antropológico Dr. Pestana.
- Pasta AI 013 - Glitz
- Jornais.
- Documentos.
- Carta escrita por sua nora (Benvinda Celina Glitz).

Obs: Texto extraído do Histórico da Escola.

Sugestão de leitura: "Quando Ijuí era Ijuhy", disponível em <http://wp.clicrbs.com.br/almanaquegaucho/2011/09/19/quando-ijui-era-ijuhy/?topo=13,1,1,,,13>

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Escola Emil Glitz, 60 anos de História

  A Escola Emil Glitz surgiu no ano de 1955, através da reivindicação dos moradores do bairro Herval, em especial dos trabalhadores da linha férrea. Inicialmente a escola passa a funcionar no prédio onde também funcionava o Centro Espírita Luz do Caminho, no entanto com aumento do número de alunos outros locais da comunidade foram usados como sala de aula, para atender toda a demanda. Por volta de 1975 a escola ocupava as dependências da Associação de Amigos do Bairro Getúlio Vargas.
  Em 1959 as lideranças do bairro seguem na luta pela construção de uma escola, buscam apoio junto ao prefeito Beno Orlando Burmann e ao governador Leonel Brizola, e conseguem a doaçao de um terreno no bairro Getúlio Vargas, que era de propriedade do deputado Antônio Brezolin. No ano seguinte os dois primeiros pavilhões da escola foram entregues a comunidade. Durante a década de 1960 a procura por educação na periferia urbana aumenta significativamente, e isso faz com que haja a necessidade da escola ampliar seu espaço físico.
  Até 1977 a escola era denominada de Grupo Escolar Herval, quando em 13 de outubro daquele ano uma comissão de professores se reúne para encontrarem uma denominação patronímica para o educandário, atendendo dessa forma uma solicitação da 9ª Delegacia de Educação em ofício 1771/77 de 1º de setembro de 1977.
  Constatando que a escola não possuía desde sua criação uma denominação patronímica e que toda escola deve ter um patrono para constituir um complemento indispensável para a sua história, e para toda a comunidade escolar, como fator de exemplo deixando às novas gerações, examinaram cuidadosamente e encontraram um nome que estava ligado ao pioneirismo de Ijuí.
  Tratava-se de Emil Glitz, um imigrante russo que chegou muito jovem aqui, entre as primeiras 100 famílias que começaram a povoação de Ijuí. Ele participou do movimento e doou o terreno para a instalação da Estação Férrea em Ijuí, no mesmo local onde está localizada atualmente. Em 23 de junho de 1981, pela Portaria nº 43139/81 denominou-se Escola Estadual de 1º Grau Incompleto Emil Glitz.
  Em 1983, o secretário de Educação Wilsom Schroder, com base no Parecer do Conselho Estadual de Educação nº 188/83, autorizou o funcionamento das 7ª e 8ª séries do primeiro grau, e passando assim a designação de Escola Estadual de 1º Grau Emil Glitz, conforme Portaria 5200 de 28 fevereiro de 1983.
  No ano de 1992 inaugura-se o novo pavilhão da escola, que comporta 7 salas de aula, cozinha, banheiros. Nessa década a escola se mantém engajada nas lutas sindicais e populares, institucionalizando segmentos como Conselho Escolar, Círculo de Pais e Mestres e Grêmio Estudantil. 
Prédio do Grupo Escolar Herval 
  No final de 1999 toda a luta da comunidade resulta no decreto que altera o nome da escola para Escola Estadual de Ensino Médio Emil Glitz, garantindo o funcionamento do ensino médio.